O debate sobre a política de educação extrativista apontou a necessidade de ser formulado um modelo de educação que privilegie o conhecimento sobre a realidade regional, as “Ciências da Floresta” e a preparação de jovens e profissionais para o mercado local de trabalho evitando o esvaziamento da floresta. Também é salientada a necessidade de infraestrutura e de professores capacitados para o ensino fundamental e médio, ao lado do Pronatec Extrativista e de modelos inovadores de ensino superior que facilitem o acesso daqueles vivem nas unidades coletivas.
Consciência ambiental e política é trabalhada desde cedo como fator identitário das população extrativistas
Em todos os encontros que o Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS realiza a educação infantil está na pauta das discussões. Garantir que as novas gerações de extrativistas tenham acesso à educação de qualidade e que leve em consideração os saberes dos povos da floresta e das águas é o principal objetivo.
Com o Sanear Amazônia, é previsto que a saúde e o índice de aproveitamento escolar das crianças das reservas extrativistas onde está sendo implementado melhorem. O consumo de água potável e um sistema de saneamento básico reduzem as doenças causadas por verminoses. Assim, a evasão escolar também diminui. Outro momento fundamental na implantação do Sanear Amazônia, cuja coordenação é responsabilidade do Memorial Chico Mendes, é a capacitação em saúde ambiental, que acontece nas escolas das reservas extrativistas, consolidando nas comunidades a consciência sobre a importância do ambiente escolar para organização social extrativista.
Conheça demandas e propostas para educação extrativistas elaboradas durante o III Chamado da Floresta, em 2015:
Política de Educação: Ensino fundamental, médio, técnico e superior com garantia de cotas, reservas de vagas e turmas especiais com metodologia de alternância aos povos extrativistas junto às Universidades e Institutos Federais, financiamento para as Casas Familiares Rurais e Agrícolas.
Demandas e propostas:
– Formulação de um modelo de educação diferente do atual, que não atende a Amazônia, uma vez que os jovens estão sendo formados para trabalhar na cidade e não nas áreas extrativistas; as crianças e jovens precisam estudar sobre a realidade local e a educação deve viabilizar a geração de empregos nas reservas.
– Revisão dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), construindo matriz curricular contextualizada para a Amazônia a partir do saberes e fazeres de comunidades, instituições e lideranças locais.
– Criação do programa “Ciências da Floresta” com informação apropriada para cada nível de ensino, com formação profissionalizante e implantação de telecentros comunitários para as populações dos diversos biomas.
– Implantação de um programa de capacitação de professores apropriado ao público das unidades de uso coletivo dos recursos para melhorar a qualidade da educação infantil e do ensino fundamental.
– Implantação de escolas de educação infantil e ensino fundamental em todas as unidades de uso coletivo, assegurando professores em todas as unidades.
– Implantação de infraestrutura (escolas, transporte, merenda) nas escolas existentes cuja precariedade impede o aprendizado de crianças e jovens.
– Ampliação do sistema educacional com implantação de ensino médio em locais acessíveis às comunidades uma vez que a falta deste nível de ensino está levando ao esvaziamento das reservas extrativistas.
– Adequação da política de transporte e alimentação escolar (e não merenda apenas) às diversas realidades de populações de extrativistas do país considerando que os percursos percorridos na Amazônia são longos.
– Fortalecimento da metodologia da alternância com financiamento público assegurado para as escolas que adotam este modelo, assegurando a volta dos alunos para suas comunidades depois de formados.
– Investimentos em construções de novas escolas, reformas, ampliações e infraestrutura adequada de ensino e moradia para alunos e professores das escolas-família rural.
– Ampliação da oferta de vagas nas escolas que adotam pedagogia da alternância em 2016 e em 2017 visando atender uma demanda crescente.
– Inclusão da educação ambiental como matéria obrigatória nas escolas das reservas extrativistas.