A interação entre o saber extrativista e a academia para o progresso da ciência!
Os movimentos sociais e segmentos interessados na causa extrativista saúdam a realização da 66ª. Reunião Anual da SBPC na Universidade Federal do Acre e celebram a realização da I SBPC Extrativista.
A realização deste evento é um marco no reconhecimento acadêmico da importância do extrativismo como manifestação do conhecimento secular que deve embasar a construção de novos conhecimentos e inovações que permitam a conservação da biodiversidade e a manutenção do modo de vida das populações tradicionais.
É preciso destacar a exclusão científica do segmento que continua marginalizado e colocado em segundo plano nos investimentos governamentais, principalmente os relacionados à ciência e tecnologia. Uma das consequências desta opção é a perda da geração de riqueza de produtos da sociobiodiversidade, potencial este que oferece maior diversidade produtiva do que os investimentos públicos atuais. Cabe destacar que a violência contra as populações tradicionais é outra consequência desta opção política que gera a invisibilidade do setor extrativista.
Faz-se necessário que os espaços acadêmicos quebrem seus muros, abrindo as portas para que os saberes sociais dialoguem com a construção do conhecimento científico, integrando estes saberes de forma que a produção da ciência seja um ato democrático, inclusivo e de fortalecimento da identidade do povo brasileiro.
Considerando o exposto propõem-se:
- Que a SBPC Extrativista seja incorporada na agenda da SBPC oficial;
- Que a participação das populações extrativistas e suas representações seja ampliada e garantida na SBPC;
- Que a SBPC se constitua como um espaço crescente para a identificação das demandas de ciência e tecnologia para o extrativismo;
- Que a SBPC seja um espaço para avaliação e monitoramento dos investimentos em ciência e tecnologia voltados para o extrativismo;
- Que sejam ampliados os espaços de formação de profissionais para atuar com as pautas extrativistas;
- Que seja estimulada a revisão de currículos nas universidades, de modo a inserir o extrativismo nas pautas de ensino, pesquisa e extensão.
Reconhecer e construir conhecimentos com os povos tradicionais, é reconhecer-se como nação e legitimar estas populações como guardiões da sociobiodiversidade. Que a SBPC Extrativista inaugure uma nova era que reconheça que a educação sem identidade acaba com a identidade de um povo.
Rio Branco-Acre, 26 de julho de 2014