O Fórum Amazônia Sustentável promoveu quatro dias de debates, integração, resgate de histórias e apresentação de propostas em defesa do meio ambiente, Amazônia e populações tradicionais e indígenas, em Alter do Chão, Santarém (PA), com a participação de mais de 70 representantes de diversas instituições ligadas às questões ambientais.
O objetivo do evento foi elaborar um caderno de propostas para as eleições de 2022 de forma colaborativa, a partir das perspectivas, posicionamentos e convergências entre os diversos atores (povos e comunidades amazônidas, empresas, acadêmicos e organizações da sociedade civil) para a agenda da sociobiodiversidade e da economia da floresta em pé.
Entre as inúmeras propostas apresentadas pelos participantes, destaque para o combate ao uso ilegal da terra com estratégias de enfrentamento à fome e inclusão produtiva sustentável; ações para garantir a integridade dos rios; adoção de políticas efetivas de incentivo para o aumento da mini e micro geração distribuída na região amazônica, como contribuição à matriz elétrica nacional e a uma transição energética verdadeiramente justa e popular; retomar as ações de comando e controle na Amazônia, acabando com essa cultura onde o “ilegal” é “legal”; reestruturar urgentemente as instituições públicas responsáveis pelo combate à economia da destruição, que consome rios e florestas, viola direitos humanos e aprofunda a desigualdade social; a retirada urgente dos invasores da Amazônia, como garimpeiros e desmatadores, nos primeiros 100 dias do próximo governo; entre outras.
Depois de três anos sem acontecer, por conta da pandemia de Covid-19, o Fórum Amazônia Sustentável (FAS) reuniu grandes instituições da área ambiental no Brasil. “Voltamos a nos reunir, porque entendemos que a situação da área ambiental no Brasil voltou a ser crítica como era há muito anos. Aqui é um espaço que viabilizamos vários diálogos”, comentou a Assessora Política e de Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos.
Para o presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa, o Brasil e a Amazônia estão passando por uma profunda crise na política ambiental, principalmente nas Unidades de Conservação (UCs) e nos territórios dos povos tradicionais, e indígenas. No Fórum Amazônia Sustentável tratamos da questão dos direitos indígenas, dos extrativistas, dos territórios de uso coletivo, entre outros. Mas também se trata das responsabilidades que as empresas, sediadas na Amazônia têm”, disse.
“Não podemos deixar que a Amazônia continue do jeito que está. Precisamos fortalecer uma aliança na questão da regularização dos nossos territórios e das Unidades de Conservação. Precisamos retirar todos os intrusos que hoje atrapalham as nossas reservas. Temos que criar um mecanismo de controle para não deixar que a grilagem invada os nossos territórios”, completou.
Segundo um dos fundadores do Fórum, o coordenador do projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, o evento teve três focos principais: a proteção e segurança da floresta, dos territórios e dos povos, e comunidades amazônidas; o fortalecimento da sociobioeconomia e manutenção da floresta em pé; e a construção de um posicionamento comum para incidência nas eleições deste ano. “Ao final desse evento, vamos apresentar uma carta com as nossas propostas para os próximos governos”, declarou. Ainda não há uma data prevista para apresentar a carta com o texto final.
O Fórum Amazônia Sustentável tem coordenação do Projeto Saúde e Alegria, Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Ethos, Instituto Reos Partners, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), FUndação Konrad Adenauer (KAS) Brasil e Natura. Além disso, recebeu apoio do KAS Brasil, Open Society Foundations, Vale, Uma Concertação pela Amazônia e Natura.