CONAB divulga preço mínimo do açaí para 2018 com aumento de 24%

A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), publicou na última sexta (12) os preços mínimos para os produtos extrativos da safra 2018 com um ajuste de 24% no valor do açaí. Estudo recente realizado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com o Memorial  Chico Mendes foi apresentado no Fórum de Desenvolvimento Territorial do Médio Juruá, demonstrou que o valor pago ao extrativista era insuficiente para cobrir os custos variáveis dos trabalhadores.

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Relembre

Entre os dias 8 e 9 de novembro, aconteceu o encontro do Fórum de Desenvolvimento Territorial do Médio Juruá, onde foi apresentado um estudo técnico sobre a formação de preço de custo de produção do açaí, seguindo uma metodologia adotada pela CONAB.

Para o professor Henrique Pereira, coordenador do doutorado em ciências ambientais da Ufam, os resultados são importantes para manutenção do processo produtivo de forma sustentável.

“Os resultados foram preocupantes, pois demonstraram que, para a safra de 2016, mais da metade das expedições de coleta com os preços praticados na safra, não remuneraram sequer os custos variáveis dos extrativistas, que é a mão de obra. É um resultado que preocupa porque pode dificultar a sobrevivência dessas famílias que estão sendo remuneradas abaixo do que deveriam”.

Para o pesquisador, o melhor caminho é estabelecer uma melhor relação entre custo de produção e venda. Dar eficiência para esse trabalho e discutir a formação do preço praticado no mercado local. “Hoje a agroindústria compra o açaí por R$ 1,30 o quilo, mas o valor ideal, para cobrir os custos variáveis deve ser R$ 1,89”.

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Por: Maysa Leão

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O Memorial Chico Mendes participou da reunião que tem como objetivo o fortalecimento das organizações comunitárias

Representantes de diversas entidades estiveram presentes na reunião / Foto: Acervo pessoal

No último dia 6 de janeiro, aconteceu em Tefé uma reunião com parceiros para organização do Encontro Estadual Extrativista que irá ocorrer de 22 a 24 de junho de 2018 no município. Cada entidade presente ficou responsável pela mobilização em seus espaços de atuação.

De acordo com Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes, a reunião é uma oportunidade de dividir tarefas para o sucesso do evento. “Entramos em um consenso de que cada entidade deverá buscar formas de apoiar a realização do evento com mobilização e transporte. Em março haverá nova reunião para análise do andamento dessas questões”.

O Encontro Estadual dos Extrativistas pretende contrubuir com a mobilização das lideranças locais para organização comunitária, além de discussões sobre cadeias produtivas e sociobiodiversidade, regularização fundiária e gestão participativa das Unidades de Conservação.

“O município de Tefé foi escolhido para realização do encontro em razão do histórico de luta, que refletiu nas primeiras unidades de conservação, além do conjunto de municípios próximos que facilitarão o deslocamento das lideranças até o local”, contou Adevaldo.

Esse encontro também é uma preparação para o IV Chamado da Floresta a ser realizado no Acre de 13 a 15 de dezembro de 2018 com a presença de lideranças de todo Brasil. Em sua 4ª edição, o Chamado da Floresta é maior encontro de extrativistas do país e é organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) para discutir a pauta de reivindicação do movimento extrativista brasileiro.

De acordo com Dione Torquato, coordenador regional do CNS, a reunião em Tefé teve como objetivo central discutir parcerias para o I Encontro Estadual dos Extrativistas. “Queremos atingir cerca de 40 municípios e representantes de 43 Unidades de Conservação (UC), com, no mínimo, dois representantes por cada UC. Nosso evento será histórico, pois da última vez que ocorreu uma mobilização de comunidades tradicionais foi em 2013”.

“Lideranças fortes devem estar presentes pois vivemos um retrocesso político e queremos propor estratégias para comunidades extrativistas, compartilhar experiências, saber os principais desafios e qualificar nossas demandas para levar ao IV Chamado da Floresta”, disse o coordenador.

De acordo com o Dione, o encontro é fundamental para discutir sobre gestão participativa e estratégias de fortalecimento das cadeia produtivas. “No Amazonas não temos uma política específica para a cadeia produtiva extrativista, queremos no fim desse encontro trazer sugestões e diretrizes para reivindicarmos junto ao governo a necessidade de formar um programa estadual de cadeia extrativista”, revelou.

“Pegamos os desafios de hoje para construir propostas de políticas públicas. Iremos também compartilhar experiências das ações das organizações comunitárias. Quais são os projetos que deram certo hoje dentro das UCs? No médio juruá temos a experiência do comercio ribeirinho que deu certo, onde mais isso pode ser feito?”, acrescentou.

A política de reforma agrária também será discutida no encontro. “As comunidades tradicionais precisam ter conhecimento sobre o que o governo está fazendo de retrocesso na política de reforma agrária e como isso reflete no Amazonas, na nossa realidade. Com a  questão da mineração por exemplo, discutiremos qual a intenção do governador. Socializar essas informações é importantíssimo. Iremos preparar a nossa articulação e fortalecer a incidência política da organização social que é o CNS”, finalizou

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Foto: Acervo pessoal

O Encontro Estadual dos Extrativistas é uma oportunidade de reanimar os espaços de discussão e a expectativa é que estejam presentes mais de 200 lideranças de Unidades de Conservação do Amazonas.

Estiveram presente representantes do CNS, Memorial Chico Mendes, Fundação Amazonas Sustentável, Associação de Produtores Agroextrativistas da FLONA de Tefé e Entorno-APAFE, Jovens Protagonistas, Prefeitura de Tefé, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Caritas de Tefé e Conselho Indigenista Missionário-CIMI.

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Há 29 anos, assassinos silenciavam a voz do ambientalista Chico Mendes

Filha de Chico Mendes, Ângela Mendes fala sobre o legado do seu pai, ideais deixados por ele e a continuidade do trabalho. “Chico Mendes vive!”

Se estivesse vivo, Chico estaria com 73 anos

Há 29 anos, em 1988, Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, era assassinado em Xapuri (AC) nos fundos de sua casa com tiros disparados por fazendeiros da região inconformados com o ativismo e com a repercussão de suas denúncias. Seringueiro desde a infância, Chico foi líder dos trabalhadores rurais e dos seringueiros da Amazônia, além de ambientalista de repercussão internacional. Este ano, ele completaria 73 anos.

Nos anos 1970, o governo federal passou a priorizar a ocupação da Amazônia com grandes projetos de infraestrutura voltados para áreas como a agropecuária, exploração madeireira e a mineração. Assim, fazendeiros vindos do Sul e Sudeste compravam terras a preço baixo e se instalavam em locais já ocupadas por seringueiros. Com isso, os seringueiros começam a se organizar para evitar a derrubada da floresta.

A reserva extrativista foi uma forma que os seringueiros descobriram de fazer uso sustentável da terra. Os especuladores acreanos reagiram raivosos e fizeram ecoar nos meios de comunicação locais que o líder seringueiro era responsável pelo “atraso” na região. Sua imagem era construída como a de um inimigo público, sendo visto como um obstáculo para o progresso da região. E obstáculos, para alguns, não foram feitos para serem contornados, mas suprimidos.

As ideias de Chico transformaram o Acre em um lugar totalmente diferente do que era à época em que foi assassinado. E, embora sua causa esteja, essencialmente, ligada à questão ambiental, sua herança é bem mais ampla. Chico tinha um sonho muito maior.

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Ângela Mendes, filha do ambientalista e gestora ambiental, falou ao EMTEMPO que seu pai deixou uma carta antes de ser morto, pois acreditava que o futuro estava nas mãos das futuras gerações.

Com a data fictícia de 6 de setembro de 2120, ele imaginava uma futura revolução socialista mundial, que então completaria o seu primeiro centenário. E registrava: “Aqui fica somente a lembrança de um triste passado de dor, sofrimento e morte”. Esse passado ainda não está superado, mas o caminho hoje é trilhado graças, em grande parte, à vida e à luta de Chico Mendes.

Ângela fala um pouco sobre o pai que conheceu e sobre a continuidade do trabalho deixado por ele. De acordo com ela, o “Comitê Chico Mendes” foi criado no ano do seu assassinato com o objetivo de pressionar as autoridades a punir os assassinos. “Na época em que foi morto, as autoridades tinham relações com o agronegócio e ninguém punia assassino de seringueiro”, revelou.

O medo da impunidade fez com que os trabalhadores rurais se unissem para exigir justiça. “Seis meses antes do assassinato do meu pai, um jovem foi morto a mando da família Alves, mesma responsável pelo crime contra ele. O julgamento do caso desse jovem ocorreu em 2012, quando o crime já estava perto de prescrever. No caso do meu pai, em 1990, houve o julgamento e o Comitê passou a trabalhar divulgando a memória do Chico”, revelou Ângela.

Para Manoel Cunha, ex-seringueiro e ativista do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), o legado de Chico Mendes ecoa nas lutas ainda muito atuais. “Costumamos dizer que, mesmo as lideranças que não conheceram Chico, conhecem as suas direções que persistem após esses 29 anos. O que ele dizia está vivo em nós. Tínhamos o mesmo desejo de defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos da floresta”.

Sobre a situação antes das reservas extrativistas, Manoel relata a dura vida dos seringueiros. “A gente vivia insatisfeito com aquele sistema, porque eram os patrões que mandavam no preço da produção e na vida dos seringueiros. Eles decidiam até se a gente podia ou não plantar mandioca e fazer a nossa farinha, por exemplo. Quando vimos as lutas já travadas por outros companheiros, passamos a nos espelhar por essa iniciativa”, conta o ativista.

Todos os anos, ocorre em Rio Branco e Xapurí (AC), do dia 15 a 22 de dezembro, a “Semana Chico Mendes”. As datas foram assim escolhidas para relembrarem o nascimento (dia 15) e morte (dia 22) de Chico. “A nossa luta é pelo uso sustentável das florestas, que proporcione conciliação entre qualidade de vida e preservação, porque sempre foi isso que Chico defendeu”, lembrou a gestora ambiental.

“Se ele estivesse vivo, a gente teria o que tem hoje e muito mais. Para nós, que perdemos ele, a Justiça dos homens nunca vai ser suficiente. Meus irmãos não tiveram o prazer de conviver com o meu pai e eu só tinha 18 anos. Na época eu acompanhava pelos jornais o trabalho dele, mas nem sempre o mostravam de forma positiva, as ações dele também eram criminalizadas, isso só mudou com a repercussão internacional”, completou Ângela.

Ao centro da foto, Ângela Mendes

A gestora ambiental finaliza lembrando que sempre esteve isolada durante parte de sua vida. “Os amigos do meu pai me ensinaram muito sobre ele. Costumo dizer que conheci meu pai e a história dele por meio dos amigos. A história dele para mim é uma colcha de retalhos, colhi um pouco de um companheiro, um pouco de amigo, um pouco de afeto”, finalizou  a filha de um dos homens mais importantes para o Brasil e para o mundo.

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Com o objetivo de criar uma rede de apoio com empresas com responsabilidade social para compartilhar experiências com projetos sociais e promover o desenvolvimento de parcerias, foi lançada no dia 6 de dezembro a Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA). O evento de lançamento foi realizado no auditório do Hotel Tropical, em Manaus e representantes da Associação dos Produtores Rurais de Carauari e do Memorial Chico Mendes estiveram presentes para ouvir as propostas.

A plataforma pretende ainda identificar soluções inovadoras para o desenvolvimento socioeconômico das populações amazônicas aliado à preservação da floresta.

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O evento contou com a presença de representantes de empresas, organizações não governamentais, associações de produtores rurais e de proteção ao meio ambiente, e foi organizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), com apoio do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

Para Clodoaldo Pontes, coordenador técnico do Memorial Chico Mendes, o evento é uma oportunidade de debater, de ouvir as propostas dos parceiros e participar das ações.

Segundo Talia Bonfante, representante da empresa Natura no evento, a proposta é de engajamento das empresas que poderão estar juntas compartilhando interesses, saberes e potencializando ações. “O PPA pretende ser mais uma fonte de atuação na Amazônia, a natura é só um dos atores dentro desse contexto e o nosso papel é fazer essa articulação pois sozinhos não conseguimos suprir toda a demanda. Para nós essa divisão de tarefas pode nos trazer resultados maiores onde haverá uma relação de ganho-a-ganho que é boa para todos”, disse.

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A balsa será capaz de transportar até 150 toneladas de produtos com mais segurança, agilidade e qualidade

Idelizada pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), a balsa com capacidade de 150 toneladas foi inaugurada no dia 6 de dezembro. A embarcação faz parte do projeto “Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário” implementado pela Asproc, que atua por meio de organização, gestão e comercialização da produção das comunidades ribeirinhas. O objetivo é facilitar o escoamento da mercadoria produzida pelos comunitários

O projeto recebeu investimento fruto de uma parceria da Fundação Banco do Brasil e Fundo Amazônia, no valor de R$ 500 mil. A construção da balsa tem como objetivo viabilizar o escoamento da produção, gerar renda e assim, melhorar a qualidade de vida dos comunitários.

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A balsa irá atender 53 comunidades num total de 450 famílias residentes da Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável – Resex Médio Juruá. A capacidade de escoamento da Asproc atualmente gira em torno de 500 toneladas ao ano. Com a parceria, a estimativa é que em 12 meses chegue a 900 toneladas de produtos.

Para Manuel Siqueira, presidente da Asproc, o isolamento das comunidades é um dos principais entraves para a comercialização dos produtos, mas com a balsa o volume das mercadorias transportadas em uma única viagem será maior, com mais segurança e menor custo com transportes que antes eram feitos por três embarcações simultaneamente.

“Antes o barco ASPROC II conseguia transportar no máximo 60 toneladas de produtos e dependia de mais duas embarcações menores para dar apoio, fora viagens extras que aconteciam esporadicamente para desabastecer as cantinas. Com a balsa a capacidade de transporte chega a 150 toneladas”, completou Manuel.

Segundo Roziane Moura, assistente social da Asproc, além do escoamento da produção a balsa irá abastecer as compras das cantinas, uma espécie de mercado local onde os comunitários têm acesso a gêneros alimentício diversos, como arros, feijão, açúcar e outros.

“Os principais itens produzidos pelos comunitários são a farinha de mandioca branca e amarela, açaí, pirarucu, cará roxo, abobora, mel de abelha, farinha de tapioca, borracha, oleaginosas”, disse Roziane.

Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário

Certificada pelo Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, em 2011, como Tecnologia Social “Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário” é uma das 986 inciativas que fazem parte do Banco de Tecnologias Sociais (BTS) – uma base de dados online que reúne metodologias reconhecidas por promoverem a resolução de problemas comuns às diversas comunidades brasileiras, aptas e disponíveis para reaplicação.

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Semana Chico Mendes em Xapurí AC

De 15 a 22 de dezembro acontece em Xapuri – AC, a Semana Chico Mendes 2017

Semana Chico Mendes em Xapurí – AC

O Comitê Chico Mendes organiza anualmente a “Semana Chico Mendes” cujas atividades acontecem no período de 15 a 22 de dezembro, que compreende as datas de nascimento (15) ao assassinato (22) do Líder Sindical.

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A III Feira Agroextrativista e Economia Solidária e a II Feira Natalina acontecem de 15 a 17/12, comercializando produtos de jardinagem, alimentação, artesanato, brinquedos, costura, agricultura familiar, produtos extrativistas, cerâmica, artes plásticas e movelaria. Ao todo, 56 empreendimentos solidários participam do evento. A abertura oficial acontece no dia 15/12, às 16h.

No dia 20/12 acontece o Seminário O desenvolvimento do extrativismo e economia solidária no Acre, que inclui três painéis: um panorama da Economia Solidária no Acre e no Brasil; experiência do extrativismo e cadeira produtiva; e o extrativismo como política de desenvolvimento sustentável.

Confira a programação:

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Programa Cisternas garante acesso à água de qualidade em reservas extrativistas

Fórum de Desenvolvimento Territorial do Médio Juruá apresenta desafios e conquistas

Projeto Sanear na Voz do Brasil

No último dia 1º de dezembro, a Voz do Brasil divulgou uma matéria sobre o Projeto Sanear. Famílias das reservas extrativistas são contempladas com as tecnologias sociais que promevem o controle de doenças e melhoria na qualidade de vida da população. Ouça a matéria aqui!

Preço do açaí no Médio Juruá não remunera o trabalho do extrativista, diz pesquisador

Foto: Divulgação

Pesquisador da UFAM revela que extrativistas de açaí estão ganhando menos da metade do valor ideal em reservas de Carauari

Na Reserva Extrativista do Médio Juruá, no Amazonas, a população tradicional desenvolve atividades de manejo do fruto açaí, do pirarucu, farinha de mandioca e oleaginosas. O açaí é abundante na região e o trabalho dos extrativistas se tornou um potencial econômico para as comunidades ribeirinhas locais, já que a condição de Unidade de Conservação proíbe a exploração de recursos naturais. Em virtude disto, as comunidades se sustentam através do extrativismo. Porém, estudo apresentado por um pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) demonstra que o valor que o açaí tem sido vendido é insuficiente até mesmo para cobrir os custos de produção dos extrativistas.

Unidade de Conservação (UC) é a denominação dada às áreas naturais protegidas da exploração do homem. Elas existem para proteger ecossistemas, preservando o patrimônio biológico da região. Elas também garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais. O objetivo desse processo é promover o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis às comunidades sem prejuízos ao meio ambiente.

Em Carauari, há duas unidades de conservação de uso sustentável: Resex do Médio Juruá, de gestão federal a partir do ICMBio e a RDS de Uacari. As comunidades extrativistas locais são as únicas que tem permissão para morar e usufruir dos recursos naturais das Unidades de Conservação, mas ainda assim é necessário ter plano de manejo autorizado por um órgão ambiental.

Para garantir a continuidade dessa cadeia sustentável é necessário que o extrativista consiga se sustentar com os frutos das atividades de manejo. Sem isso, é inevitável que as pessoas busquem outras formas de sobrevivência, que muitas vezes podem ser nocivas ao meio ambiente.

Segundo Natanael Gondin, extrativista residente em Carauari, a baixa remuneração faz com que as pessoas procurem outras formas de sustento. “Muita gente abandona a região em busca de outras oportunidades, pois a maioria de nós vive do extrativismo e quando a remuneração é menor que os nossos gastos é difícil”.

Nesse sentido, para assegurar o êxito desse processo – que equilibra preservação do meio ambiente e sobrevivência das comunidades ribeirinhas -, é necessário avaliar o custo de produção das atividades econômicas e seus ganhos.

Para o presidente do Memorial Chico Mendes, Adevaldo Dias, calcular este custo é fundamental para a manutenção das Unidades de Conservação e, em virtude disso, o Memorial juntamente com a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc) solicitaram junto à Ufam este estudo.

“Entendemos que é necessário ter conhecimento se o trabalho dos extrativistas está sendo recompensado de forma adequada, para garantia da preservação da reserva e dos meios de vida dessas pessoas”, disse Adevaldo.

Foto: Divulgação

Estudo sobre custos de produção concluídos

Entre os dias 8 e 9 de novembro, aconteceu o encontro do Fórum de Desenvolvimento Territorial do Médio Juruá, onde foi apresentado um estudo técnico sobre a formação de preço de custo de produção do açaí, seguindo uma metodologia adotada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). A pesquisa foi realizada pela Ufam em parceria com a Asproc e o Memorial Chico Mendes.

Para o professor Henrique Pereira, coordenador do doutorado em ciências ambientais da Ufam, os resultados são importantes para manutenção do processo produtivo de forma sustentável.

“De posse das informações de custos, é possível definir o preço para a venda do produto, o valor foi investido para sua obtenção, o lucro e até estimular a produção. Os resultados foram preocupantes, pois demonstraram que, para a safra de 2016, mais da metade das expedições de coleta com os preços praticados na safra, não remuneraram sequer os custos variáveis dos extrativistas, que é a mão de obra. É um resultado que preocupa porque pode dificultar a sobrevivência dessas famílias que estão sendo remuneradas abaixo do que deveriam”.

Para o pesquisador, o melhor caminho é estabelecer uma melhor relação entre custo de produção e venda. Dar eficiência para esse trabalho e discutir a formação do preço praticado no mercado local. “Hoje a agroindústria compra o açaí por R$ 1,30 o quilo, mas o valor ideal, para cobrir os custos variáveis deve ser R$ 1,89”.

Indústria artesanal remunera melhor

Conforme Henrique, outro resultado relevante é o preço praticado no mercado local, dos vendedores artesanais, pois remunera melhor o trabalhador e o produto é consumido no mercado local

“A solução para potencializar essa cadeia de valor não está apenas em estratégias de exportar a produção, pois já existe um mercado local que pelo volume de produção que absorve e pelo preço que pratica apresenta outra possibilidade, que é o fortalecimento da pequena agroindústria que está se estabelecendo no município”, alertou.

Sobre a metodologia usada no estudo, o pesquisador afirma ainda: “A nossa metodologia foi precisa, porque fez uma verificação da coleta nos locais, ou seja, usando dados primários. Acrescentamos uma componente nova nesses cálculos denominada de ‘custos de organização’ estimada em R$ 116 ao ano, por família. É um custo para participar das reuniões de planejamento, de manejo e a anuidade que as famílias contribuem com as associações”. Segundo ele, a maior parte desse valor é destinada aos custos de deslocamento das pessoas.

Serviço ambiental prestado à sociedade

Um dos apontamentos da reunião foi a continuidade do estudo de valoração da cadeia de produção estimando também o valor em torno dos serviços ambientais. “Qual o valor que essa produção tem pelo serviço ambiental que ela desempenha, que são: proteção, manutenção e manejo das florestas?”, questiona o pesquisador.

Sobre os resultados apresentados, Henrique assegura: os estudos são conclusivos. Há variações anuais apenas entre famílias de acordo com o número de pessoas envolvidas na produção.

Impasse

Conforme esclarece Luíz André, representante da empresa Coca-Cola presente no Fórum, a cadeia de produção sustentável do açaí provê o sumo principal do produto “Del Valle Reserva açaí e banana”.

A empresa “Açaí Tupã” realiza a compra do fruto diretamente dos extrativistas e revende o produto para outras empresas como a Coca-Cola. De acordo com Samir Chagas, diretor da Tupã, os valores apresentados na pesquisa são equivocados. “No estudo, o Professor Henrique afirma que a coleta das famílias é de 500kg em cada viagem, mas essa quantia na verdade chega em 1 tonelada, isso está errado, esses números precisam ser revistos. Outro fator é que eu pago até R$ 0,50 por quilo para o transporte do fruto até a agroindústria. O valor do açaí por R$ 1,89 é impraticável pois já pago pela logística”.

Essas informações são rebatidas pelo professor Henrique e por Adevaldo Dias. Segundo o professor os dados sobre a coleta são primários, ou seja, não se trata de uma especulação sobre o volume da coleta feita pelas famílias, já que a pesquisa de campo foi realizada.

Em relação ao pagamento pelo transporte informado por Samir, Adevaldo Dias relata que o cálculo do estudo foi feito baseado no produto entregue na comunidade, e que caso fosse incluído transporte o valor poderia inclusive ser maior para o comprador.

Luiz Andre fala sobre o estudo dos custos de produção apresentados pelo Professor Henrique, mas também discorda dos valores. “Vai ser necessário uma discussão ampliada para fazer uma calibragem do preço ao longo da cadeia, e isso necessariamente deve envolver todos os elos que fazem parte da cadeia do açaí. São coletores das associações, agroindústria e dos principais compradores. Só com uma visão ampliada é que podemos discutir o melhor ajuste do valor agregado na cadeia”, disse.

Questionado sobre o valor do açaí comprado pela Coca-cola, o representante da companhia sugere que os estudos não estejam concluídos. “Os próprios pesquisadores concluíram que aqueles valores não são conclusivos. Independente da discussão se o preço pode ser maior ou menor, o importante é que possamos melhorar as práticas de manejo”. Porém, a informação é contrária ao que afirma o professor Henrique.

O Presidente do Memorial Chico Mendes faz um alerta. “Se as empresas persistirem em não remunerar de forma justa os trabalhadores, a saída será as organizações de base dos extrativistas se organizarem para ter sua própria indústria de venda da polpa do produto, como já acontece com o pirarucu e as oleaginosas”.

Por: Maysa Leão