Projeto Sanear Amazônia vai implementar 670 tecnologias nas Reservas Extrativistas do Médio e Baixo Juruá, no Amazonas
Brasília, 18 – As primeiras tecnologias sociais de acesso à água para consumo começam a ser construídas neste mês nas Reservas Extrativistas do Médio Juruá e do Baixo Juruá, localizadas nos municípios amazonenses de Carauari, Juruá e Uarini. A Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), primeira entidade a iniciar a execução do projeto Sanear Amazônia, deve instalar 670 tecnologias sociais em duas reservas.
Segundo o gerente administrativo da associação, Eude Santiago, a tecnologia representa melhor qualidade de vida para os extrativistas. “O modelo garante água da qualidade e mais conforto. Eles não vão precisar mais se deslocar até a margem do rio e ou igarapés para conseguir água”, ressaltou. As famílias das reservas já foram capacitadas para ajudar na construção do sistema, além de aprender sobre o uso adequado da tecnologia, a gestão da água armazenada e preservação ambiental.
Serão construídas duas tecnologias: sistemas pluviais de Multiuso Autônomo e Multiuso Comunitário. No sistema Multiuso Autônomo, cada família poderá captar, armazenar e filtrar até seis mil litros de água da chuva. Já no Multiuso Comunitário, além das unidades domiciliares, também será instalado um módulo complementar de abastecimento com uma rede de distribuição, sendo acionado somente quando esgotar as reservas domiciliares.
Coordenado pelo Memorial Chico Mendes com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Sanear Amazônia vai garantir o acesso das famílias extrativistas à água de qualidade. Na Amazônia, a população rural sofre com a carência de água para consumo e com doenças e verminoses devido à ausência de saneamento básico.
Com investimento de R$ 35 milhões, a meta é atender 2,8 mil famílias em situação de extrema pobreza que não têm acesso adequado à fonte de água potável e que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal em oito reservas extrativistas da região Norte. O projeto é desenvolvido pelo Memorial Chico Mendes, que seleciona entidades privadas sem fins lucrativos, por meio de chamada pública, para implantar as tecnologias sociais de acesso à água nas reservas.
UF | RESEX | Famílias beneficiadas | Municípios |
AC | Chico Mendes | 500 | Assis Brasil, Brasiléia, Rio Branco e Xapuri |
AM | Baixo Juruá | 170 | Juruá e Uariní |
Médio Juruá | 500 | Carauari | |
AP | Rio Cajari | 500 | Laranjal do Jari e Marzagão |
PA | Arióca Pruanã | 260 | Oeiras do Pará |
Mapuá | 300 | Breves | |
Terra Grande Pracuúba | 370 | Curralinho e São Sebastião da Boa Vista | |
Soure | 200 | Soure | |
Área total | 2.800 | 14 municípios |
Capacitação – As famílias da reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, também serão beneficiadas com a tecnologia social. No início do mês, pedreiros escolhidos pela comunidade foram capacitados. José de Souza Araújo Filho, 39 anos, é um deles. Ele conta que teve a oportunidade de aprender a construir e utilizar o sistema de acesso à água da chuva. “Antes eu não sabia trabalhar com esse sistema. A capacitação foi muito importante pra mim.”
O pedreiro vai ter ao lado de sua casa, onde mora com a esposa e um enteado, a tecnologia social. Beneficiário do Bolsa Família, ele recebe R$ 237. O dinheiro ajuda na compra de comida, material escolar e, algumas vezes, de água. “Aqui na comunidade temos que buscar água longe. As mulheres vão a pé, com uma lata na cabeça. Por isso, a tecnologia é tão importante”, destaca.
Segundo a analista de Políticas de Inclusão Produtiva do MDS, Karla Oliveira, as entidades Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA Acre), SOS Amazônia e Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre (Pesacre) vão construir 500 tecnologias sociais de acesso à água na reserva Chico Mendes.
De acordo com o coordenador técnico do Sanear Amazônia no Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA Acre), Stoney do Nascimento, as construções dos sistemas devem começar em julho. “O projeto representa muito para a comunidade. Além de receber essa tecnologia, as famílias estão participando de todo o processo, do começo ao fim”, ressaltou.
Informações sobre os programas do MDS:
0800-707-2003
mdspravoce.mds.gov.br