Jovens extrativistas em defesa da Amazônia

Jovens e crianças em ambiente comunitário / Foto: Divulgação

Os territórios tradicionais de uso coletivo além desenvolver um importante serviço ambiental e ecossistêmico, preserva também a valorização dos modos de vida e a cultura dos povos e comunidades tradicionais no Brasil. Na Floresta Nacional de Tefé no Estado do Amazonas, a valorização da cultura e defesa do território vem sendo trabalhado por meio de oficinas e encontros de formação que busca estimular o protagonismo jovem no seu envolvimento para o desenvolvimento das ações de mobilização e organização comunitária.

O Projeto Jovem Protagonista do Fortalecimento Comunitário já vem sendo desenvolvido há 8 (oito) anos na Flona Tefé, e conta com apoio de parceiros e instituições locais. Além da Flona de Tefé o projeto também e vem sendo implementado em diversas Unidades de Conservação Federal em diferentes Estados da região.

Foto: Divulgação

O projeto hoje é responsável por incentivar jovens lideranças a ocupar vários espaços de participação social incluindo o cargo de diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativista (CNS), à exemplo, do atual secretário de juventude do CNS Dione Torquato.

Para Dione é importante que haja cada vez mais iniciativas como essa que ajude a promover o protagonismo jovem no fortalecimento da organização comunitária. “Para que estas ações continuem sendo desenvolvidas é preciso de algo além dos esforço dos nossos jovens extrativistas que querer estarem envolvidos, precisamos também do apoio de pessoas e organizações que também tenham sensibilidade com o tema e ajude financeiramente para que este importante trabalho possa continuar sendo desenvolvido”. Completa Dione, reforçando a importância e necessidade de permanência e ampliação de projetos como Jovem Protagonista do Fortalecimento Comunitário.

Reunião comunitária fortalece a luta por direitos coletivos / Foto: Divulgação

 

 

 

Fundação BB abre inscrições para premiação nacional e internacional de tecnologias sociais

Serão 700 mil reais em prêmios para os três finalistas de cada categoria. Prazo se encerra em abril

O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, considerado um dos principais do terceiro setor no País, chegou a sua décima edição.  As inscrições da premiação estarão abertas até o dia 21 de abril de 2019. Podem participar entidades sem fins lucrativos, como instituições de ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais de direito público ou privado, legalmente constituídas no Brasil ou nos demais países da América Latina ou do Caribe.

Nesta edição, o Prêmio terá quatro categorias nacionais: “Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; “Educação”; “Geração de Renda” e “Meio Ambiente”.  O primeiro, segundo e terceiro lugar de cada uma das categorias será premiado com R$ 50 mil, 30 mil e 20 mil respectivamente. Todas as instituições finalistas irão receber um troféu e um vídeo retratando sua iniciativa. Além disso, as tecnologias sociais que promovem a igualdade de gênero e o protagonismo e empoderamento da juventude receberão um bônus de 5% na pontuação total obtida na classificação.

Assim como na última edição do prêmio, em 2017, também está prevista a categoria “Internacional”, destinada a iniciativas da América Latina e do Caribe, onde serão identificadas tecnologias sociais que possam ser reaplicadas no Brasil e que constituam efetivas soluções para questões relativas a “Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; “Educação”, “Geração de Renda” e “Meio Ambiente.” Da mesma forma, nesta categoria, as instituições finalistas receberão um troféu e um vídeo retratando a sua iniciativa.

As novidades desta edição são as  três premiações especiais: “Mulheres na Agroecologia”, que visa identificar tecnologias sociais que promovam o protagonismo feminino na gestão da produção agroecológica; “Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico”, destinada para identificar tecnologias sociais de modelos de gestão/governança de organizações e comunidades na produção do algodão agroecológico e “Primeira Infância”, que busca identificar tecnologias sociais que promovam ações que abordem as dimensões do desenvolvimento infantil (linguagem, cognitivo, motricidade e socioafetividade), o fortalecimento de vínculos familiares e o exercício da parentalidade.  Nestas premiações especiais também serão classificadas três finalistas, com as mesmas regras das categorias nacionais. As vencedoras serão conhecidas na premiação, prevista para outubro. Todas as categorias são relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Nesta edição, o concurso conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Instituto C&A, Ativos S/A e BB Tecnologia e Serviços, além da cooperação da Unesco no Brasil e apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ministério da Cidadania e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Para o presidente da Fundação BB, Asclepius Soares (Pepe) o prêmio se consolida em sua décima edição como referência nacional em tecnologia social. “Nosso banco de tecnologias contempla várias áreas. É uma plataforma que reúne inovações, e as tecnologias sociais representam isso. Uma efetiva  transformação social na vida das pessoas”, diz.

Encontro de Tecnologia Social

Como parte da programação do Prêmio, a Fundação BB irá realizar um Encontro de Tecnologia Social com representantes das experiências finalistas, a ser realizado em Brasília (DF), um dia antes da noite de premiação. O evento contará com a presença de especialistas no tema. Entidades de tecnologias certificadas, integrantes do Banco de Tecnologias Sociais (BTS), também serão convidados. O objetivo do encontro é debater o tema da tecnologia social como instrumento do desenvolvimento sustentável.

Para serem certificadas, as iniciativas precisam ser reconhecidas como soluções capazes de causar impacto positivo e efetivo na vida das pessoas, sistematizadas, já implementadas e passíveis de serem reaplicadas.

Todas as metodologias certificadas passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação BB, que hoje conta com 986 iniciativas. O BTS é uma base de dados on-line que reúne metodologias reconhecidas por promoverem a resolução de problemas comuns às diversas comunidades brasileiras. No acervo, as experiências podem ser consultadas por tema, cidade, estado ou país, entre outros parâmetros de pesquisa. O conteúdo está disponível também nas versões em francês, inglês e espanhol e pode ser consultado no celular, pelos sistemas operacionais iOS e Android, por meio do aplicativo BTS.

As inscrições para a décima edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social podem ser feitas no site www.fbb.org.br/premio

Os resultados de cada etapa do Prêmio serão divulgados no site da Fundação BB.

Extrativista da RDS Uacari conclui curso de Engenharia Solar na Índia

Maria José celebra a troca de saberes / Foto: Divulgação Barefoot College

A agroextrativista Maria José vem de uma comunidade composta por cerca de 33 famílias, todas de alguma forma relacionadas entre si. Ela descreve sua comunidade como um lugar seguro e pacífico e é mãe de 7 e avó de 12. Durante a juventude, as oportunidades de estudo eram escassas e Maria cursou apenas as séries primárias. Hoje, seus filhos possuem mais chances de seguir os estudos e, quando receberem luz para estudar quando o sol se põe, as chances aumentam ainda mais.

Aos 45 anos, Maria José está aprendendo diariamente e alcançou grandes vitórias, como escrever seu próprio nome. A leitura inicialmente foi um grande desafio para ela, mas seguindo a expressão “learning by doing” (que em tradução livre significa aprender na prática), ela superou os obstáculos. Partiu para o continente asiático em agosto do ano passado e retorna no próximo dia 17 de março.

Fontes de eletricidade limpa, movida a energia solar irão melhorar os modos de vida da sua comunidade. O gerador de energia comunitário frequentemente ficava sem combustível em razão do alto valor ou apresentava defeitos nas peças.

Quando o gerador não funcionava, ela não podia costurar à noite. O curso de Engenharia Solar realizado por Maria na Índia, permite que venda sua força de trabalho e desenvolva outros meios de subsistência que são afetados pela falta de fontes de luz.

Maria José relata que sempre irá recordar a gentileza e a disponibilidade da equipe e dos professores em Tilonia, onde aprendeu que o mais importante é pensar nos outros, não apenas em si mesma.

Tradução: Maysa Leão

8 de março é dia de luta

O dia das mulheres é uma data para reflexão

mulheres agricultoras, indígenas que zelam pela saúde alimentar de todos os brasileiros / Ilustração do artista @matheusribsoficial

8 de março é dia reflexão. É dia de pensarmos como o Estado explora a força de trabalho das mulheres, nos nega os direitos sobre nossos próprios corpos e criminaliza nossos movimentos. Há quem diga que a luta das mulheres já não é necessária. Porém ainda hoje, recebemos menos que os homens e a diferença salarial chega, em média, a 26% na América Latina.

Que nesse dia 8 possamos refletir sobre o trabalho invisível das tarefas domésticas e de cuidado, que não são remunerados e adicionam três horas a nossas jornadas laborais. Que se entenda de uma vez por todas que estas violências econômicas aumentam nossa vulnerabilidade diante da violência machista, cujo extremo mais brutal são os feminicídios.

Hoje também é dia de reivindicar o direito ao aborto livre e para que não se obrigue nenhuma menina a enfrentar a maternidade. Nós mulheres, dependemos do apoio uma das outras, porque somente nós conhecemos o temor diário ao realizar as mais simples tarefas, como ir até o ponto de ônibus para trabalhar. Devemos lutar pela valorização do trabalho também invisível que fazemos, que constrói redes de apoio comunitárias e estratégias em contextos difíceis e de crise.

Que seja também uma data de reflexão pelas mulheres ausentes, as vítimas de feminicídio, vozes apagadas violentamente que chegam ao assustador número de 13 mortas por dia só no Brasil. Pelas também ausentes lésbicas e travestis assassinadas por crimes de ódio.

Em face dessa realidade, rosas simbolizam alienação e a manutenção das desigualdades. Homens, não nos deem parabéns ou rosas. Reflitam, ouçam as mulheres ao seu redor, respeitem suas companheiras e seu compromisso afetivo. E a mais importante contribuição: Conversem com outros homens! Façam seus amigos saberem que depois do NÃO, tudo é assédio. Este será nosso maior presente.

8 de março

O chamado Dia Internacional da Mulher foi oficializado em 1975 quando a ONU estabeleceu a data para lembrar as conquistas políticas e sociais das mulheres. Em 1917 um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial. O protesto aconteceu em 8 de março e os soviéticos adotaram em 1918, desde então a data é utilizada pela maioria dos países do mundo. Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heróica e trabalhadora”.

 

Por: Maysa Leão

Pirarucu de manejo do Médio Juruá será oferecido no Banquetaço Manaus pela não extinção do CONSEA Nacional

Em todo Brasil serão servidas mais de 15 mil refeições preparadas em sua maior parte com produtos da agricultura familiar e agroecológica.

Equipe Slow Food recebendo o pirarucu da ASPROC através de Gerardo Bezerra, representante da associação / Foto: Maysa Leão

É hoje! Será realizado um grande banquete coletivo em mais de 20 capitais e dezenas de cidades de todo o país. O ato é pela manutenção do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), extinto pelo atual governo no primeiro dia do ano. A iniciativa prevê a distribuição de mais de 15 mil refeições em todo o país, em sua maior parte preparadas com produtos da agricultura familiar e agroecológica. A Associação dos produtores rurais de Carauari (ASPROC) mobilizou-se no apoio ao ato através da doação de 15kg de pirarucu e 55kg de farinha que serão preparados pela equipe do Slow Food e orfetados no Banquetaço.

Em Manaus, o evento acontece de de 17h30 às 20h30 no Largo São Sebastião e terá programação voltada para as características regionais incluindo rodas de conversa, doação de mudas, um belo banquete agroecológico e muita música amazonense com a presença do Maracatu Eco da Sapopema e o Sindicato dos Artistas Carentes.

E Banquetaço é o quê?

O Banquetaço é um movimento político sem ligação com nenhum partido, que mobiliza a sociedade em defesa da boa alimentação. A intenção é chamar a atenção da população e dos políticos para a importância da permanência do CONSEA e das demais instâncias e programas da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que vêm sendo dissolvidas.

Mas o que é o CONSEA?

O CONSEA é uma ferramenta conquistada pela sociedade que tem o papel fundamental na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas voltadas para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada. Dentre as principais conquistas do CONSEA estão:

  • A proposição inovadora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Cisternas que promove o acesso à água no semiárido brasileiro;
  • Ampliação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com a determinação de que 30% da alimentação da rede pública de ensino seja comprada dos agricultores familiares;
  • Proposição da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos e a rejeição do chamado Pacote do Veneno (PL 6299/02) que previa que agrotóxicos não passassem por avaliação sobre os riscos à saúde, deixando livre o abuso de substâncias tóxicas.
  • “Estamos muito felizes com esse engajamento, é uma causa de toda a sociedade e a ASPROC faz parte do CONSEA com representantes na esfera estadual e nacional”, disse Renata Geraldo, Chef do SlowFood responsável pelo preparo do Banquetaço em Manaus.

Manoelzinho (Manoel Siqueira), presidente da ASPROC, declara que o CONSEA foi um direto conquistado e o apoio ao ato através da doação é pela continuidade da sua existência.

“Essa causa é de todos nós, a doação é uma forma de fortalecer o ato e reafirmar nossa posição enquanto extrativistas e cidadãos. Já sofremos com altas concentrações de venenos em nossa comida, isso pode ser observado no crescimento de doenças como câncer, doenças hepáticas e tumores. Dissolver a regulação e a participação da sociedade civil nesse debate é um risco à saúde e ao direito à segurança alimentar, é condenar a população a se envenenar mais e mais”, disse Manoel Siqueira, presidente da ASPROC.

Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes, representava nacionalmente o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) no CONSEA e relata o que representa a extinção da entidade:

“O órgão era composto por 2 terços de representantes da sociedade civil e 1 terço de representantes do governo e tinha papel fundamental de formular políticas de segurança alimentar e nutricional no país. A sua desestruturação no momento histórico em que se elevam os índices de pobreza no país é contraditório. Mais do que nunca precisávamos de espaços de discussão e de formulação de políticas que possam fazer um enfrentamento a esse crescimento da fome e da miséria no Brasil. Nós que trabalhamos com populações mais vulneráveis defendemos a volta do CONSEA para construir políticas que atendam às especificidades do nosso povo os extrativistas da Amazônia, que estão na invisibilidade e são os que mais sofrem com a ausência de políticas contra a miséria e a fome no Brasil”, afirmou.

Por: Maysa Leão

Capacitação de técnicos ATER acontece em Manaus

Participantes comemoram o encerramento do módulo / Foto: Divulgação – José Vicente GIZ

Manaus – Na última sexta-feira (15) ocorreu o encerramento do primeiro módulo do “Programa de capacitação em gestão para técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) – CapGestãoAmazônia”, que reuniu cerca de 30 participantes em Manaus. O curso aconteceu no auditório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e contou com a participação do Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS, Memorial Chico Mendes e da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC).

A proposta da capacitação é oferecer uma aprendizagem a partir de vivências e familiaridade com as metodologias da AterMaisGestão – Programa do governo federal para a extensão rural que integra a política da ANATER, que prevê o atendimento voltado a qualificação da gestão de empreendimentos da agricultura familiar, com foco na comercialização e mercado. O curso é gratuito e foi desenvolvido pela Cooperação Técnica Alemã (GIZ) através do Projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável e as despesas com instrutores, materiais didáticos, estrutura de realização são custeados pelo projeto.

O veterinário Gerardo Bezerra, colaborador da ASPROC, relata as atividades do curso, “Foram 5 dias de atividades que incluíam dinâmicas e uma introdução do conteúdo que será abordado ao longo dos 5 módulos de aulas. Tivemos um bom aproveitamento dos conteúdos que sugerem novas abordagens e métodos na realização do trabalho executado por associações, como é o caso da ASPROC”, disse.

O curso propõe ampliar os conhecimentos nas áreas de governança organizacional, gestão de pessoas, gestão econômica e financeira, gestão da produção de processos, gestão comercial e gestão socioambiental, qualificando os técnicos de ATER em sistemas de gestão e de acesso aos mercados, voltado a organizações produtivas de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, micro e pequenas empresas, contribuindo para o aprimoramento de serviços de assistência técnica e extensão rural na Amazônia, facilitando a gestão e o acesso aos mercados.

“Foi meu primeiro contato com o programa Mais Gestão, é uma experiência interessante para promover a participação e uso de ferramentas práticas para facilitação de processos, moderação de reuniões, tomada de decisão em grupo, que são instrumentos fundamentais para o trabalho com cooperativas e associações” disse Satya Caldenhof, gerente de projetos do Memorial Chico Mendes.

O programa reuniu cerca de 30 profissionais que assessoram organizações de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e no total terá carga horária de 225 horas divididas em 5 módulos de 40h aulas presenciais em cada módulo, acompanhamento on line e duração total de 10 meses. Os módulos abordarão temas como: facilitação de processos participativos, Desenvolvimento Organizacional Participativo (DOP), Competências Econômicas através da Formação de Empreendedores (CEFE), organização e fomento de cadeias de valor, o desenvolvimento de modelos de negócios verdes, diferenciação nos mercados, entre outros.