O evento teve duração de dois dias buscando uma parceria estratégica para assegurar os direitos territoriais dos povos e populações extrativistas

Manaus – Nesta segunda (26) representantes do Memorial Chico Mendes se reuniram com membros do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e da entidade norueguesa Rain Forest para um seminário que dará início à articulação de uma parceria entre as três entidades. O projeto que esta em fase de elaboração terá duração de 1 ano, podendo se estender para outros 5 e chegar até 20 anos de parceria.

Inês Luna, assessora da Rain Forest Foundation durante sua exposição no evento / Foto: Maysa Leão

Inês Luna, assessora da Rain Forest Foundation, falou sobre o evento que iniciou com um seminário de apresentação das propostas de gestão e principais problemáticas a serem enfrentadas. Para Inês, o seminário é o começo da colaboração entre a Rain Forest, o Memorial Chico Mendes e o CNS para uma parceria de cinco anos.  “Estamos fazendo uma parceria estratégica, já que as três organizações tem objetivos similares, queremos assegurar os direitos dos povos, especialmente os direitos territoriais pois trabalhamos com a preservação da floresta. Acreditamos em uma gestão sustentável das florestas. A parceria tem esse escopo e financiar políticas nacionais, promovendo uma política pública integrada em relação à população tradicional extrativista que incorpore essa visão da ‘floresta em pé’ mas também de uma floresta produtiva que da conta de melhorar as condições de vida das populações que moram nela. Estamos começando um novo programa no Brasil e achamos importante incluir o CNS”, contou Inês.

A Rain Forest Foundation tem parceiros em várias regiões do mundo como na indonésia, Congo e outros países amazônicos como a Colômbia e o Peru e a parceria com o Memorial Chico Mendes é inédita no Brasil.

Joaquim Belo, presidente do CNS falou do evento como uma construção coletiva. “Vamos estabelecer metas e indicadores, sairemos daqui com com essas projeções. O objetivo central é apoiar o CNS e discutir as políticas públicas junto aos governos, seja federal, estadual ou municipal. Esse apoio nos dá condições de nos articularmos para isso. Temos necessidades de uma assessoria jurídica por exemplo, para que tenhamos condições de de enfrentar juridicamente algumas amarras em certas leis que prejudicam a nossa comunidade”, explicou Joaquim.

Ângela Mendes apontando as particularidades da luta das mulheres extrativistas durante a reunião / Foto: Maysa Leão

Ângela Mendes, atuante na luta da mulher amazônica e membro do CNS, também esteve presente no evento reafirmando a defesa dos direitos das mulheres. “Como o evento é uma construção, é indispensável que as problemáticas entorno das questões de gênero sejam pontuadas, essa é a minha principal contribuição para o evento de hoje”, revelou.

De acordo com Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes, a reunião traz uma reflexão sobre a situação dos extrativistas, avaliando se o as problemáticas apresentadas em 2017 seguem atuais.

“Um ano e meio atrás foram propostas ações e uma parceria que pudesse melhorar a vida dos extrativistas. Tanto no processo de criação de unidades sustentáveis e territórios de uso coletivo como com a gestão promovida pela comunidade não só participando, mas tomando a frente dessa gestão. O CNS buscou a Rain Forest Foundation e fez a proposta. A parceria com a fundação é a nossa primeira experiência, ficaremos em teste no primeiros ano podendo ser estendido por 5 anos e no total podendo chegar a 20 anos”, disse Adevaldo.

No total, foram dois dias de evento que foi apenas o ponto inicial de uma parceria que trará mais participação dos extrativistas nas ações e melhorias nas condições de vida dessas populações.