Em todo Brasil serão servidas mais de 15 mil refeições preparadas em sua maior parte com produtos da agricultura familiar e agroecológica.
É hoje! Será realizado um grande banquete coletivo em mais de 20 capitais e dezenas de cidades de todo o país. O ato é pela manutenção do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), extinto pelo atual governo no primeiro dia do ano. A iniciativa prevê a distribuição de mais de 15 mil refeições em todo o país, em sua maior parte preparadas com produtos da agricultura familiar e agroecológica. A Associação dos produtores rurais de Carauari (ASPROC) mobilizou-se no apoio ao ato através da doação de 15kg de pirarucu e 55kg de farinha que serão preparados pela equipe do Slow Food e orfetados no Banquetaço.
Em Manaus, o evento acontece de de 17h30 às 20h30 no Largo São Sebastião e terá programação voltada para as características regionais incluindo rodas de conversa, doação de mudas, um belo banquete agroecológico e muita música amazonense com a presença do Maracatu Eco da Sapopema e o Sindicato dos Artistas Carentes.
E Banquetaço é o quê?
O Banquetaço é um movimento político sem ligação com nenhum partido, que mobiliza a sociedade em defesa da boa alimentação. A intenção é chamar a atenção da população e dos políticos para a importância da permanência do CONSEA e das demais instâncias e programas da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que vêm sendo dissolvidas.
Mas o que é o CONSEA?
O CONSEA é uma ferramenta conquistada pela sociedade que tem o papel fundamental na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas voltadas para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada. Dentre as principais conquistas do CONSEA estão:
- A proposição inovadora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Cisternas que promove o acesso à água no semiárido brasileiro;
- Ampliação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com a determinação de que 30% da alimentação da rede pública de ensino seja comprada dos agricultores familiares;
- Proposição da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos e a rejeição do chamado Pacote do Veneno (PL 6299/02) que previa que agrotóxicos não passassem por avaliação sobre os riscos à saúde, deixando livre o abuso de substâncias tóxicas.
- “Estamos muito felizes com esse engajamento, é uma causa de toda a sociedade e a ASPROC faz parte do CONSEA com representantes na esfera estadual e nacional”, disse Renata Geraldo, Chef do SlowFood responsável pelo preparo do Banquetaço em Manaus.
Manoelzinho (Manoel Siqueira), presidente da ASPROC, declara que o CONSEA foi um direto conquistado e o apoio ao ato através da doação é pela continuidade da sua existência.
“Essa causa é de todos nós, a doação é uma forma de fortalecer o ato e reafirmar nossa posição enquanto extrativistas e cidadãos. Já sofremos com altas concentrações de venenos em nossa comida, isso pode ser observado no crescimento de doenças como câncer, doenças hepáticas e tumores. Dissolver a regulação e a participação da sociedade civil nesse debate é um risco à saúde e ao direito à segurança alimentar, é condenar a população a se envenenar mais e mais”, disse Manoel Siqueira, presidente da ASPROC.
Adevaldo Dias, presidente do Memorial Chico Mendes, representava nacionalmente o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) no CONSEA e relata o que representa a extinção da entidade:
“O órgão era composto por 2 terços de representantes da sociedade civil e 1 terço de representantes do governo e tinha papel fundamental de formular políticas de segurança alimentar e nutricional no país. A sua desestruturação no momento histórico em que se elevam os índices de pobreza no país é contraditório. Mais do que nunca precisávamos de espaços de discussão e de formulação de políticas que possam fazer um enfrentamento a esse crescimento da fome e da miséria no Brasil. Nós que trabalhamos com populações mais vulneráveis defendemos a volta do CONSEA para construir políticas que atendam às especificidades do nosso povo os extrativistas da Amazônia, que estão na invisibilidade e são os que mais sofrem com a ausência de políticas contra a miséria e a fome no Brasil”, afirmou.
Por: Maysa Leão
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