O projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha na Amazônia” lançou, nesta segunda-feira (04/11), um material informativo, que fortalece boas práticas para o manejo da seringueira e produção da borracha nativa da Amazônia. Além do manejo do seringal, a iniciativa visa o cuidado com as pessoas extrativistas, a melhoria da qualidade do produto e a sustentabilidade da atividade.
Com coordenação do WWF-Brasil, em parceria com o Memorial Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), WWF-França, Michelin, Fundação Michelin e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e Conexsus, o projeto vem fortalecendo a prática tradicional de comunidades situadas dentro e fora de Unidades de Conservação (UCs) do Amazonas.
O material será distribuído, inicialmente, nas 13 associações do Amazonas que fazem parte do projeto e que atuam na cadeia da borracha nativa da Amazônia. De forma bem didática, com ilustrações e textos curtos e diretos, o informativo indica o passo-a-passo para o/a seringueiro/a realizar de forma segura a coleta de látex na floresta, desde a abertura de estradas nos seringais, o corte mais indicado que deve ser feito na árvore, até instruções sobre como prensar a borracha.
A cartilha foi desenvolvida de forma colaborativa, com o apoio dos parceiros do projeto e a participação ativa de representantes das associações extrativistas que trocaram experiências diversas sobre o manejo da seringueira até chegar em um conjunto de instruções que orientem de forma ampla seus pares. Assim, a expertise dos seringueiros foi incorporada diretamente no processo, garantindo que suas experiências e conhecimentos direcionassem o conteúdo sem interferir na prática tradicional que é fundamental para o manejo da borracha na Amazônia.
“Estamos criando um esforço coletivo para valorizar o seringueiro, que antes era esquecido. Hoje, ele busca reconhecimento, dizendo: Eu existo, estou aqui. O manual de boas práticas inclui projetos sobre a borracha, qualidade e apoio. O seringueiro moderno, diferente do passado, vive conectado à internet e se atualiza sobre o Brasil e o mundo. Ele trabalha com consciência, sabendo como pode contribuir e ser exemplo para seus filhos, mostrando como sustentar a família com dignidade”, afirmou João Evangelista, extrativista da Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini (COOMARU), localizado no município de Barcelos (a 401 km de Manaus).
Disseminar informações, fortalecendo os conhecimentos do seringueiro ou seringueira no momento de fazer a retirada do látex representa também um resgate histórico dessa cadeia. O Amazonas viveu o tempo áureo da borracha que, mesmo com poucos equipamentos na época, fez o Estado ser um grande exportador mundial de látex. O projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha na Amazônia” está incentivando a retomada da produção da borracha no Estado e garantindo a venda do material produzido, além de auxiliar no acesso a políticas públicas para área da borracha.
“As boas práticas fortalecem os procedimentos adequados que garantem a qualidade deste relevante produto da sociobiodiversidade amazônica, combatendo um dos gargalos da cadeia, que era a baixa qualidade do produto”, explicou Jhassem Siqueira, um dos coordenadores do projeto no Memorial Chico Mendes. Ele pontua ainda que o fortalecimento da cadeia é essencial para gerar uma ampla rede que conecta pessoas, biodiversidade, clima, território, negócios e oportunidades.
Já Natasha Mendes, Analista de Conservação do WWF-Brasil explica que as instruções do cartaz são importantes porque todo o processo de produção da borracha é, extremamente, monitorada para garantir a qualidade do produto.
“Após a coleta, a borracha é analisada em relação à qualidade e pesada pela transportadora responsável, com o objetivo de manter a eficiência logística. As boas práticas são já estabelecidas pelos seringueiros e o material vem para fortalecer o trabalho na base”, explica.
A fábrica da Michelin, localizada no Polo Industrial de Manaus (PIM), é a principal compradora da produção de borracha, gerada com o apoio da iniciativa. A empresa vem fortalecendo a retomada da cadeia e garantindo o escoamento do produto. Além dos benefícios econômicos, o projeto combina sustentabilidade com desenvolvimento comunitário, o que desempenha um papel crucial na manutenção da biodiversidade da Amazônia.
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