Através de grupos de trabalho e plenárias, a discussão no Chamado da Floresta gira em torno das propostas de políticas públicas que promovam a inclusão social das populações extrativistas, no mundo dos direitos sociais – a grande maioria vive desprovida dos serviços essenciais do Estado – no direito à saúde, à educação, à segurança, à formalização da produção extrativista. Para Joaquim Belo, presidente do Conselho, “o Estado brasileiro não pode continuar pensando o desenvolvimento a partir da lógica da produção agrícola, é preciso desenvolver o País a partir do potencial da floresta. E também pensar em formas de oferecer os serviços de captação e distribuição da água potável, o fornecimento de energia elétrica; habitação rural; entre outros”.
Povos da floresta se reúnem pela terceira vez na Amazônia para discutir agenda de desenvolvimento
Articulado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS, encontro coloca a população da floresta como protagonista na luta pela conservação e sustentabilidade
Nos dias 28 e 29 de outubro, o CNS realiza o III Chamado da Floresta, encontro que reivindica a pauta extrativista. O Chamado dá continuidade ao movimento que completa 30 anos e foi iniciado por Chico Mendes quando lutou pela defesa da floresta para os seringueiros no Acre e se espalhou para toda a Amazônia. A história da entidade se funde com a da Amazônia que, marcada por conflitos entre latifundiários e trabalhadores rurais, ainda hoje testemunha a morte de lideranças e comunitários. Enquanto, por outro lado, estimula a produção que garante ganhos econômicos e possibilita a sustentabilidade das famílias extrativistas.
A partir dessa perspectiva histórica, é que o CNS coordena a realização do Chamado da Floresta. O local escolhido para receber o encontro, como nas edições passadas, é também proposital. A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns fica a 8 horas de barco e a 45 minutos de transporte aéreo a partir de Santarém, no Pará. “Atar” a rede no barco e se deslocar até a reserva é, sobretudo, para possibilitar aos participantes a oportunidade de conhecer a realidade de quem habita as florestas brasileiras. “Ao invés de levar toda a floresta até eles, por que eles não vem até nós para conhecer a nossa vida? É bem mais produtivo quando você tem contato com a realidade e discute, ali, o que pode ser feito para as pessoas que habitam a floresta”, destaca Manoel Cunha, articulador político do CNS.
Estão inscritas cerca de 3 mil pessoas, 40 entidades parceiras do movimentos social, além de convidados internacionais e da Panamazônia. A disposição dos participantes é que o governo federal atenda as proposições dos extrativistas, como forma de recuperar a dívida social no desenvolvimento de politicas publicas para a Amazônia e suas populações. A estratégia é chamar a atenção dos mais jovens para a discussão dos pontos prioritários que serão debatidos e discutidos na pauta que será negociada com o governo federal, que são política da Reforma Agrária, produção e geração de renda, infraestrutura básica, saúde e educação.
O III Chamado da Floresta ocorre nos dias 28 e 29 de outubro na Comunidade São Pedro, localizada na Reserva Extrativista Tapajós-Arapuins, em Santarém, no estado do Pará. Participam do encontro entidades nacionais, internacionais e do movimento social brasileiro do segmento extrativista.
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