O Sistema de Acesso à Água Pluvial para Consumo das Comunidades Extrativistas foi o vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015, realizado na última terça (10) em Brasília. Foram 866 inscrições, desse total, 154 práticas foram certificadas e 18 disputaram o título em seis categorias. A tecnologia social desenvolvida pela Associação do Produtores Rurais de Carauari – Asproc em parceria com o Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS e apoio técnico da Universidade de Brasília – UNB foi a iniciativa vencedora entre três finalistas na categoria Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária.
O objetivo da premiação, realizada a cada dois anos pela Fundação Banco do Brasil, é identificar, certificar, premiar e difundir tecnologias sociais já aplicadas, implementadas em âmbito local, regional ou nacional, que sejam efetivas na solução de questões relativas a alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde. O prêmio é um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na Amazônia para comunidades extrativistas que sofrem com a falta de políticas públicas que atendam suas demandas.
A tecnologia social de acesso à água é, atualmente, implementada pelo Memorial Chico Mendes em quatro estados da Região Norte através do projeto Sanear Amazônia, com financiamento do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS. Serão 2.800 famílias extrativistas beneficiadas diretamente com a construção do sistema e mais de 8.000 famílias impactadas indiretamente por meio da replicação das melhores práticas de higiene e cuidado com a água adotadas ao longo do desenvolvimento do projeto. Para o presidente da Asproc, Flávio do Carmo, “estar entre as finalistas é uma vitória. Saber que um projeto que foi implementado em uma região tão isolada como a nossa, com a participação dos ribeirinhos, deu certo e foi reconhecido em nível nacional nos motiva ainda mais”.
Os benefícios extrapolam o acesso à água. Em muitas comunidades, por exemplo, a evasão escolar apresenta altos índices devido às doenças contraídas por verminoses que atingem principalmente as crianças. Para Maria Cléia, moradora da Reserva Extrativista Terra Grande, localizada no município paraense de Curralinho, os ganhos com o tecnologia social representam também um alívio: “quando estiver tudo pronto, eu vou ter a comodidade de ter água, banheiro, encanamento e uma fossa na minha casa. Não vou precisar levar as crianças para banhar no rio, ou carregar baldes de lá até minha casa, porque já vai ter tudo aqui”.
O Sanear Amazônia é articulado e executado em parceria com entidades locais, observando as peculiaridades de cada comunidade, estimulando a participação social ativa dos comunitários na apresentação e resolução dos problemas causados pela falta de água e saneamento básico. Além da construção do sistema que garante acesso, reserva e distribuição de água potável às famílias, o projeto prevê também oficinas sobre Gestão da Tecnologia Social e Gestão Responsável da Água.
Prêmio e Banco de TS
Realizado a cada dois anos, o Prêmio tem como objetivo certificar e difundir tecnologias sociais já aplicadas e ainda em atividade, em âmbito regional ou nacional, que se constituam em efetivas soluções para questões relativas à água, alimentação, educação, energia, geração de renda, habitação, meio ambiente e saúde.
As certificadas passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação BB, que soma agora um total de 850 iniciativas. O BTS é uma base de dados online que reúne metodologias reconhecidas por promoverem a resolução de problemas comuns às diversas comunidades brasileiras. No BTS, as Tecnologias Sociais desenvolvidas por instituições de todo o País podem ser consultadas por tema, entidade executora, público-alvo, região, UF, dentre outros parâmetros de pesquisa
Os critérios observados para a classificação são nível de envolvimento da comunidade; transformação social proporcionada; potencial de reaplicação e inovação social, de acordo com o regulamento. A pontuação atribuída pelos membros da Comissão Julgadora é conferida por auditores independentes. Os recursos deverão ser destinados a atividades de expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da tecnologia social premiada.
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